No período da colonização inicia-se o tráfico de escravos para a América. Os negros eram aprisionados na África, e então trazidos e vendidos para o trabalho forçado em regime de completa escravidão no Brasil.

Para tornar o negro escravo, os escravistas suprimiam sua cultura, sua alma e o torturavam. Interessavam-se apenas pelo seu corpo, e por sua força de trabalho. Esta situação desumana a que foi submetido o negro, não foi suficiente para suprimir sua condição de ser inteiro, de corpo e alma.

A Capoeira nasce neste período, os negros a criaram para utilizá-la como luta no momento preciso para sua defesa e para se divertirem nos instantes de folga, para relaxar do trabalho forçado, das torturas e da condição de escravo.

As perseguições à Capoeira iniciam-se, os senhores proibiam sua prática por vários motivos, muitos dos quais  nem sempre conscientes em suas mentes.
A capoeira dava aos seus praticantes um sentido de nacionalidade, individualidade, autoconfiança, formava grupo coesos e jogadores ágeis e perigosos, além disso, as vezes durante o jogo os escravos se machucavam, o que era economicamente indesejável para seus senhores. O fato é que desde o seu início a Capoeira foi perseguida, o capoeirista era considerado um marginal, um delinquente, que deveria ser vigiado pela sociedade e enquadrado e punido pelas leis penais.  Foram séculos de perseguição que se arrastaram até quase os dias de hoje.
Na década de 1930, se inicia um novo ciclo na história da Capoeira, nesta época a situação do país não era nada boa, estávamos em pleno regime de forças, e dentre as leis penais, previstas pela constituição brasileira da época existia uma que considerava os capoeiristas como delinquentes perigosos. Mas foi em meio a esse cenário, que Manoel dos Reis Machado, o famoso Mestre Bimba, foi convidado pelo Interventor Federal na Bahia, Juracy Montenegro Magalhães, para ir ao Palácio do Governo. Mestre Bimba ficou assustado, achou que seria preso, mas para sua surpresa, o governador realmente queria que se apresentasse com seus alunos para mostrar “a nossa herança cultural” para amigos e autoridades no Palácio do Governo.

Em 09 de julho de 1937, Mestre Bimba consegue o registro de sua Academia, conferido pela Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública. A primeira academia de Capoeira reconhecida no país, o Centro de Cultura Física Regional.

Inicia-se   assim uma nova era para a Capoeira um período de ascensão sociocultural, a arte de luta negra dos escravos conquista o cenário cultural está presente na música, nas artes plásticas, na literatura, nos palcos. Termina a fase marginal de sua história, onde a Capoeira e todas as formas de manifestações culturais negras ficaram totalmente marginalizadas pela sociedade. Percorrendo esses caminhos a Capoeira sobrevive. O negro preservou sua luta, e a transformou em forma de expressão e arte genuinamente brasileira. De nada adiantaram as perseguições, devemos aos negros essa capacidade de resistência e luta de sobreviver em condições as mais duras e difíceis.

Nos dias de hoje, a Capoeira agrega um grande número de adeptos de todas as raças e camadas sociais do Brasil e de outros países. E assim, a Capoeira vem ganhando cada vez mais projeção mundial, firmando-se como uma arte de ritmos e movimentos que exprimem toda a criatividade de um povo na luta pela liberdade. Mesmo assim grande parte da sociedade brasileira ainda desconhece os verdadeiros valores e contribuições que podem advir desse universo de conhecimentos e de práticas da Capoeira.